Exibição mostra crianças sírias em campo de refugiados

domingo, janeiro 12, 2014

Foto: Gabriel Chaim

Para fotógrafo, crianças sírias perderam a inocência (Foto: Gabriel Chaim)

No ano passado, o fotógrafo brasileiro Gabriel Chaim acompanhou a vida de algumas das mais de quatro milhões de crianças que foram afetadas pelos conflitos internos na Síria, iniciados em março de 2011. Acompanhando estas crianças em seu próprio país e também em campos de refugiados, Chaim retratou um pouco do dia a dia daqueles que perderam suas casas, o direito de ir à escola e a ter uma infância normal. Parte deste trabalho pode ser vista na exposiçãoZaatari – Filhos da Guerra, que acontece até 07 de fevereiro, em Belém, no Pará.

Chaim entrou na Síria com auxílio da ONG Syrian Team for Progress and Prosperity, que ajuda crianças vítimas da guerra. Ele já havia coberto os conflitos no Egito durante a queda do presidente Mohammed Morsi, em julho de 2013, mas diz que foi a primeira vez que presenciou uma guerra.

“O perigo anda a seu lado 24 horas por dia. Todo dia você acha que vai acontecer alguma coisa e que você vai morrer. O medo é seu pior inimigo”, diz Chaim, sobre sua experiência na Síria. O fotógrafo ficou no país de setembro a novembro passado, acompanhando os rebeldes, mas desde o inicio de 2012 ele trabalha fotografando refugiados no Oriente Médio.

“Não fui para lá para fotografar o conflito”, conta sobre os dias que passou em Aleppo. “Fui para fotografar a esperança que nasce dos escombros. Queria fotografar a história das pessoas que perderam tudo”, explica. Chaim diz que passava o dia na sede da ONG, “uma casa semibombardeada”, segundo ele. “Eu procurava notícias mais factuais e a ONG procurava me dar um mínimo de segurança”. Para se manter, ele vendia suas fotos para veículos de comunicação no Brasil e no exterior.

Chaim começou a fotografar campos de refugiados no Oriente Médio no início de 2012, devido a seu projeto Kitchen4life (Cozinha para a vida). Além de fotógrafo, ele também é formado em gastronomia e decidiu unir suas habilidades. “Concebi o Kitchen4life para mostrar a comida de pessoas que estavam à margem da sociedade”, relata. O foco de seu projeto mudou durante uma viagem ao Irã, quando conheceu alguns refugiados.

A partir daí, ele começou a fotografar campos em outros países da região, como Jordânia, Palestina, Síria e Turquia. O campo de Zaatari, na Jordânia, que abriga 120 mil sírios e dá nome à exposição, foi o mais marcante para Chaim, devido às amizades que fez no lugar. Filho de pai libanês, Chaim fala pouco o idioma árabe, mas fez amigos entre os funcionários do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), que trabalhavam no campo.

“As crianças na Síria vivem o dia de hoje. Elas têm noção de perigo e sabem explicar em detalhes o que é a morte”, afirma Chaim. “Elas perderam a inocência e têm responsabilidades de adultos. Lutam por uma coisa que muitos não dão valor, que é a liberdade”, destaca.

Antes de iniciar seu projeto com refugiados, Chaim, que tem 32 anos e é natural de Oriximiná, no Pará, trabalhou um ano em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, fotografando restaurantes de luxo.

Ele deve voltar à Síria no mês que vem, para finalizar um documentário que está fazendo sobre seu trabalho na região. A exposição que está em Belém tem 25 imagens de sírios deslocados em seu país e nos campos de refugiados. A mostra também acontece em fevereiro, em São Paulo, e em seguida irá para o Rio de Janeiro.

Serviço
Zaatari – Filhos da Guerra
Até 07 de fevereiro, no Gotazkaen Estudio
Rua Ó de Almeida, 755, Belém, Pará
De segunda à sexta, das 10h às 19h
Entrada gratuita

Fonte: Agência de Notícias Brasil-Árabe


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