Igrejas abrigam refugiados da guerra no Sudão do Sul

quinta-feira, janeiro 23, 2014

Igrejas abrigam refugiados

Igrejas católicas estão a servir de abrigo a milhares de civis apanhados no meio da guerra no Sudão do Sul

As igrejas católicas estão a servir de abrigo a milhares de civis apanhados no meio da guerra no Sudão do Sul, relata o padre português José Vieira, que acaba de regressar de sete anos de missão no mais novo país do mundo.

Um mês de conflito produziu cerca de 500 mil deslocados. Quando os combates começaram “tentaram refugiar-se ou nas bases da missão das Nações Unidas no Sudão do Sul (UNMISS) ou nos adros das igrejas”, conta o superior provincial dos missionários combonianos, em entrevista à Renascença.

O padre José Vieira dá o exemplo da catedral católica de Juba, a capital do país, que acolheu cerca de sete mil pessoas em circunstâncias muito difíceis.

“Vivem mal, com problemas sanitários porque é uma zona no meio da cidade e não há casa de banho para toda a gente, há problemas de água e de comida. As Nações Unidas, através do Programa Alimentar Mundial (PAM), estão a fazer um esforço para distribuir alguma comida.”

Em tempo de conflito, a prioridade da Igreja é acolher os refugiados e proporcionar-lhes alimento e condições mínimas de subsistência. “Há sempre alguma coisa nos depósitos da igreja para alimentar as pessoas, normalmente os adros das igrejas têm um poço artesiano para as pessoas tirarem água”, explica o padre José Vieira.

“Depois, outro elemento é uma diplomacia internacional: pedir a organismos que intervenham com comida, sistemas de higiene, medicamentos, roupas. Em terceiro, pedem aos beligerantes que resolvam o problema dentro do partido e não com a força das balas”, frisa o superior provincial dos missionários combonianos.

Os números oficiais apontam para cerca de mil mortos em Juba e outros mil na cidade de Bor, “mas outro organismo contabilizou pelos menos 10 mil mortos neste primeiro mês de batalhas”, refere o padre José Vieira.

Bor, cidade ocupada pelo Exército de Libertação do Sudão do Sul que combate as forças governamentais, foi “reduzida a escombros”, diz o missionário. “Tudo o que era, sobretudo, aquelas construções normais que são feitas de zinco, foram todas destruídas, saqueadas. Só as grandes construções, como os bancos, que tinham defesa própria, é que conseguiram sobreviver.”

Com uma experiência de vários anos naquela parte do mundo, o padre José Vieira refere que profundas divergências políticas em torno da figura do presidente Salva Kiir Mayardit estão na origem do conflito, que “não chamaria de guerra civil, porque, neste momento, afecta só três estados do país, são os estados em que [as etnias] dinka e nuer vivem juntos”.

O certo é que o mais novo país do mundo está mergulhado num conflito armado. O Sul do Sudão, católico, conseguiu a independência do Sudão muçulmano em Julho de 2011, mas desde Dezembro que vive um conflito armado que parte de desentendimentos políticos com ramificações étnicas que não poupa os civis. “O fim de um sonho”, escreveu esta quarta-feira o jornal britânico “The Guardian”, porque a violência instalou-se num país com apenas dois anos.

Fonte: Renascença


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