Instalação em Davos simula de campo de refugiados da Síria

quinta-feira, janeiro 23, 2014

Foto: reprodução

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De repente, uma forte explosão. O lugar se esfumaçou. Ouviram-se gritos histéricos de homens e mulheres. Depois, berros de soldados. A escritora Merel Bakker, mulher de um alto executivo, presidente do Conselho Mundial Empresarial para Desenvolvimento Sustentável (WBCSD, na sigla em inglês), se encolheu no chão de uma tenda de refugiados sírios, com sua elegante calça comprida de lã cinza, cabelos louros impecáveis e unhas feitas. Antes de chegar ao campo, foi obrigada a entregar seus anéis de ouro.

Uma mulher era carregada ferida. De repente, soldados surgiram ameaçando a todos com seus rifles:

- Saia da minha frente, agora! No chão, e não quero ouvir sua voz!

Estamos num campo de refugiados na Síria, em plena guerra. Mas a “guerra”, na realidade, aconteceu na rica estação de esqui de Davos, na Suíça, no porão de uma escola de Ensino Médio. No dia em que os principais atores do conflito da Síria se reuniram em Montreux para discutir o fim da guerra, ativistas promoveram para executivos reunidos em Davos uma simulação do horror nos campos de refugiados – tudo como parte do programa oficial do Fórum Econômico Mundial.

Para fazer os participantes sentirem o drama da guerra e dos refugiados, o australiano David Begbie, ativista da Crossroads Foundation e da Global Hand, não mediu esforços: importou 700 quilos de material de guerra, como armas falsas, arame farpado, tendas e até lixo. Mulheres foram “selecionadas” para serem “estupradas”, homens eram “torturados”, e a corrupção correu solta na simulação. Os olhos azuis de Merel Bakker se encheram de lágrimas quando ela contou o que sentiu.

- Foi aterrador. Nunca havia vivido uma violência como esta antes – disse ela ao GLOBO.

Begbie ouviu, um a um, a reação dos participantes e disse:

- Meus amigos, vocês passaram por isso durante apenas 20 minutos. Mas esta é a realidade! Felizmente, nenhum de vocês pisou numa mina explosiva de verdade.

Rafael, que simulou um soldado malvado, acrescentou drama ao contar que era, na vida real, um refugiado da República Democrática do Congo:

- Soldados tiravam nosso dinheiro, comida… Esta é a vida nos campos.

Imtiaz Pater, executivo-chefe da Multichoice, uma empresa da África do Sul, foi jogado contra a parede na simulação. Ele jogou o jogo. E depois revelou sua simpatia aos refugiados: sua família foi perseguida no apartheid. Ontem, em Davos, ele reviveu o temor do passado racista da África do Sul.

Fonte: EXTRA


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