Evento da Secretaria sobre golpe militar de 64 reúne oficina para jornalistas e estudantes

terça-feira, abril 1, 2014

Andres Ramirez, Eloisa Arruda, Padre Marcelo Monge na abertura da 2ª Oficina Paulista de Jornalismo sobre Proteção de Refugiados

Andres Ramirez, Eloisa Arruda, Padre Marcelo Monge na abertura da 2ª Oficina Paulista de Jornalismo sobre Proteção de Refugiados.

A jornada de reflexão sobre os 50 anos do golpe militar de 1964, promovida pela Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania, na segunda-feira, 31 de março, teve ato de oficialização de escritório para refugiados em São Paulo, oficina para jornalistas, exposição, exibição de filme e debate.

Na ocasião, Governo do Estado e o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) firmaram um acordo oficializando o escritório da organização em São Paulo, que funcionará na sede da Secretaria da Justiça.

O documento foi assinado pela secretária Eloisa Arruda, representando o governo, e pelo representante do ACNUR no Brasil, Andrés Ramirez, em cerimônia realizada no Auditório da Cidadania André Franco Montoro.

Eloisa Arruda e o senador Aloysio Nunes que contou sua experiência como refugiado

Eloisa Arruda e o senador Aloysio Nunes que contou sua experiência como refugiado

A instalação do escritório do ACNUR em São Paulo, localizado na sede da Secretaria da Justiça, se justifica pela crescente demanda por refúgios no Estado, que aumentou quase quatro vezes no período de 2011 a 2013, quando passou de 314 para  1.200 solicitações. O número representa cerca de 24% do total de pedidos no Brasil.

Antes da cerimônia de oficialização do escritório, Secretaria da Justiça, ACNUR e Caritas Arquidiocesana de São Paulo promoveram no período da manhã a 2ª Oficina Paulista de Jornalismo sobre Proteção de Refugiados, que contou com a presença do senador Aloysio Nunes.

Oficina para jornalistas

2ª Oficiana Paulista de Jornalismo sobre Proteção Internacional de Refugiados

2ª Oficiana Paulista de Jornalismo sobre Proteção Internacional de Refugiados

Na década de 1960, o senador foi militante do Partido Comunista Brasileiro (PCB) e integrou a organização Aliança Libertadora Nacional (ALN), que participou da resistência ao regime militar. Nunes precisou pedir refúgio político na França, país onde permaneceu quando precisou sair do Brasil, devido à repressão.

A oficina reuniu cerca de 100 pessoas e contou com palestras de Andrés Ramirez, do ACNUR, sobre os Aspectos Técnicos da Proteção Internacional de Refugiados e de Larissa Leite, da Caritas Arquidiocesana de São Paulo.

Ramirez respondeu perguntas dos participantes e discorreu sobre aspectos da legislação brasileira para refugiados e o trabalho do ACNUR. O representante do órgão repassou informações a respeito da condição de refugiado que, para ser reconhecido como tal, tem como condição obrigatória ser originário de outro país.

Refugiados congolês e sírio no Brasil

Refugiados congolês e sírio no Brasil

O tema da palestra de Larissa Leite foi a cobertura jornalística do tema refugiados.  Ela citou exemplos de erros mais comuns praticados pela imprensa em reportagens  e alertou jornalistas e estudantes para não colocar em risco as suas fontes e os familiares dessas.

Larissa contou que em decorrência de uma reportagem parentes de um refugiado foram mortos em sua cidade natal depois de suas identidades terem sido reveladas. Em outras ocasiões, revelar a identidade das fontes resultou no reencontro de casais que se separaram quando tiveram que fugir de seus países de origem.

Os participantes ouviram depoimentos de dois jovens refugiados, um deles de nacionalidade Síria, jornalista, que precisou se refugiar no Brasil, para onde veio fazer turismo e recolher informações sobre cursos. Ele precisou pedir refúgio devido às reportagens que publicou na imprensa internacional, antes de seu país entrar em conflito.

O outro refugiado veio do Congo.  Seu pai foi assassinado e a mãe morreu por problemas de saúde, agravados pelo assassinato do marido. O jovem corria risco de vida e precisou embarcar em um navio, sem saber qual seria o país de destino.

O refugiado disse que permaneceu embarcado por cerca de três meses. Ao desembarcar,  quis saber onde estava  e foi pedir informações. Dirigiu-se a uma pessoa  que não compreendia o francês, seu  idioma natal, até que o jovem encontrou alguém que falava em inglês. Quando se fez entender,  soube finalmente que estava no Brasil.

O jovem desembarcou em Santos e, com a ajuda da pessoa que encontrou, subiu em um ônibus com destino para São Paulo. Por intermédio de um taxista, foi levado para a Caritas Arquidiocesana onde foi atendido.

Exposição, filme e debate

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Andres Ramirez

A programação sobre os 50 anos do golpe militar de 1964 teve, ainda, no período da tarde, a abertura da exposição Lugares da Memória – Repressão e Resistência em São Paulo, do Memorial da Resistência de São Paulo, sobre os períodos do Estado Novo (1937-1949) e Ditadura Militar (1964-1985), vídeo-depoimento de ex-presos políticos, exibição do documentário Travessia e debate, com a participação do autor, João Batista de Andrade, e do advogado Idibal Piveta, da Comissão Estadual de Ex-Presos Políticos.

A abertura esteve a cargo da secretária Eloisa Arruda e teve a participação do vereador Mário Covas Neto. O vereador falou sobre o pai, o governador Mário Covas, que apresentou projeto de lei para pagamento de indenizações a ex-presos políticos, que sofreram maus tratos em órgãos de repressão do Estado e sobre os trabalhos da Comissão da Verdade da Câmara Municipal de São Paulo.

Fonte: Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania

 

 


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