Sul-sudanês que se tornou refugiado em Uganda, pela segunda vez, não vê razão para voltar para casa

quinta-feira, abril 17, 2014

Depois de se refugiar em Uganda de 1991 a 2005, Joseph Anyang Ngong teve que fugir de sua casa, no Sudão do Sul para Uganda, pela segunda vez.

Depois de se refugiar em Uganda de 1991 a 2005, Joseph Anyang Ngong teve que fugir de sua casa, no Sudão do Sul para Uganda, pela segunda vez.

Quando Joseph Anyang Ngong retornou de Uganda com sua família em 2005, ele pensou que estaria diante de um futuro seguro e protegido na região de Bor, no Sudão do Sul. Agora que sua família está de volta à Uganda como refugiada, pela segunda vez, ele não vê razão para retornar ao seu país de origem.

Muitos dos que chegaram à Uganda do Sudão do Sul, nesta última onda de refugiados, são experientes em matéria de deslocamento, pois fugiram durante os 20 anos da Guerra civil entre o norte e o sul do Sudão, que se findou apenas em 2005. Esse conflito deixou uma estimativa de dois milhões de pessoas mortas, 428.000 refugiados nos países vizinhos e 2.5 milhões de deslocados internos.

A maioria dos refugiados chegou de Adjumani, como Joseph, de 62 anos de idade, que veio da turbulenta região de Bor, no estado de Jonglei. Ele viajou aproximadamente 400 quilômetros até chegar à Uganda. Por muitas vezes ele procurou abrigo temporário em Juba, antes que o conflito os empurrasse de lá. Eles viram tanto rebeldes quanto tropas do governo queimarem suas casas, destruírem sua colheita, roubarem seu gado e matarem seus parentes e vizinhos.

Para Joseph e sua família, Uganda os proveu de segurança por 14 anos durante o conflito entre o norte e o sul do país, antes de serem repatriados com a assistência do ACNUR, quando o conflitou acabou e a paz se instalou no Sudão do Sul.

“Ao voltarmos para casa, a situação era diferente daquela que nós tínhamos deixado e a ONU nos forneceu comida e ferramentas”, ele disse. “Quando fugimos da última vez, nós deixamos nossos pertences (para trás) e depois voltamos para procurá-los. Não havia mais nada”.

A mais recente fuga de Bor – para Joseph, suas duas esposas, 12 crianças e seu sobrinho Mamer – foi na véspera do Natal de 2013. Joseph e seu sobrinho Mamer eram criadores de gado. Os rebeldes destruíram tudo, até os campos de sorgo que alimentavam as duas famílias.

Eles caminharam por cinco horas até chegar à cidade de Mangala com rebeldes os perseguindo ao longo do caminho. Sua bagagem foi roubada e a extensa família se dispersou. Muitos ainda continuam desaparecidos. “Se eles estiverem vivos, virão aqui, caso contrário, estarão perdidos”, disse Joseph. “Não há nada lá. A comida foi queimada e o gado foi roubado, então, nós não podemos voltar”, acrescentou. “Por agora, nós não temos poderes ou recursos, então temos que esperar aqui… não deixei nada no Sudão do Sul”.

Sua filha mais nova, Akech, que já tem 3 anos de idade, e alguns outros membros da família, fugiram de casa pela primeira vez. Eles estão traumatizados e choram quando veem qualquer objeto que se assemelhe a uma arma.

Quando a mais recente crise eclodiu em dezembro passado, a equipe do ACNUR também foi pega de surpresa; um déjà vu da década de 1990 quando o centro de trânsito de refugiados de Ogujebe, em Adjumani, foi o maior da África.

“Esse influxo de refugiados é como o primeiro, na década de 1990, em que aconteceu de repente e havia um grande número de pessoas fugindo”, disse o Adjunto Senior do ACNUR para Programa, Joy Kaba. “Isso é o mesmo que aconteceu em 1991 – ainda os mesmos problemas, as mesmas causas e a mesma luta”.

O sentimento de Joseph é evocado por muitos outros refugiados em Adjumani: ao ficar em Uganda, mesmo com todos os desafios, tem-se uma perspectiva mais atraente que começar do zero, de novo, em um país cujo futuro é tão incerto.

“Nós estamos cansados de correr e correr”, falou Joseph.

Por Lucy Beck em Adjumani, Uganda

Por: ACNUR


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