Assinado acordo que pode trazer a paz ao Sudão do Sul; chefe da ONU elogia medida, mas pede ação

segunda-feira, maio 12, 2014

voluntário

Um voluntário na cidade sul-sudanesa de Bor arruma os corpos de vítimas das repetidas lutas entre forças do governo e rebeldes. Foto: Hannah McNeish/IRIN

O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, elogiou na última sexta-feira (9) a assinatura de um acordo que busca pôr fim à crise de segurança vivida pelo Sudão do Sul, pedindo às partes em conflito para que traduzissem “imediatamente esse compromisso para a prática, especialmente no que tange ao cessar de todas as hostilidades”.

Assinado em Adis Abeba, capital da Etiópia, pelo atual presidente sul-sudanês, Salva Kiir, e seu ex-vice-presidente, Riek Machar, o acordo representa uma possibilidade de paz para o Sudão do Sul, que há cinco meses vivencia um conflito armado entre apoiadores de Machar e forças leais ao governo.

O chefe da ONU também elogiou a Autoridade Intergovernamental para o Desenvolvimento, bloco comercial do qual o Sudão do Sul é membro, por seu papel na mediação dos processos de paz.

Como resultado da crise, centenas de milhares de civis se encontram deslocados e graves violações dos direitos humanos foram registradas em ambos os lados.

No total, 923 mil sul-sudaneses estão deslocados dentro de seu próprio país, enquanto mais de 293 mil pessoas se tornaram refugiadas em países vizinhos desde o início da crise, em meados de dezembro de 2013, segundo a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR).

Em uma visita no Sudão do Sul no dia 7 de maio de 2014, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, apelou repetidamente para que ambos os lados encontrem uma solução política e deem um fim imediato para a violência. Foto: ONU/Isaac Billy

Em uma visita no Sudão do Sul no dia 7 de maio de 2014, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, apelou repetidamente para que ambos os lados encontrem uma solução política e deem um fim imediato para a violência. Foto: ONU/Isaac Billy

Dezenas de milhares de civis deslocados estão buscando abrigo em bases da missão de paz da ONU (UNMISS) em todo o país.

Ambos os lados cometeram violações dos direitos humanos ‘brutais’, aponta relatório

Graves violações dos direitos humanos vem sendo cometidas pelas duas partes em conflito no país desde o final do ano passado. Sequestros, assassinatos em massa e casos de tortura foram descritos em um relatório das Nações Unidas tornado público na semana passada.

Segundo o documento, elaborado pela missão da ONU no país com base em extensa documentação e investigações, “há motivos razoáveis para acreditar que violações brutais dos direitos humanos e do direito internacional foram cometidas pelas duas partes em conflito”.

A chefe da UNMISS, Hilde Johnson, destacou duas situações “particularmente horríveis” descritas no relatório: o assassinato em massa de civis numa estão de polícia em Juba, capital do país, e a morte de cerca de 200 pessoas em Bentiu, há duas semanas.

Dessa forma, os civis no Sudão do Sul tornaram-se diretamente um alvo e não são somente vítimas colaterais do conflito – sendo que, muitas vezes, essas perseguições se baseiam em questões étnicas.

No relatório considera-se que o conflito é resultado de um longo estado de impunidade e do fracasso em fazer respeitar os direitos humanos.

Escassez de alimento desperta ira em refugiados e frustra trabalhadores humanitários

“Nós estamos sem esperança”, disse Sura Sirad, de 25 anos, que está em um dos campos da ONU para refugiados no Sudão do Sul. Sirad está claramente infeliz com a escassez de alimentos: duas xícaras de lentilha, uma xícara de óleo e cerca de dois quilos e meio de sorgo para sua família. Não há nem mesmo sal.

“Não temos uma terra para cultivar. Não podemos cortar árvores para vender, pois é ilegal. Nós não temos as habilidades e a educação necessárias para conseguir um emprego”, acrescentou a jovem mulher.

Refugiada sul-sudanesa no campo de Yusuf Batil expressa sua raiva e frustração por causa da escassez de alimento. Foto: ACNUR/P.Rulashe

Refugiada sul-sudanesa no campo de Yusuf Batil expressa sua raiva e frustração por causa da escassez de alimento. Foto: ACNUR/P.Rulashe

O transporte de assistências vitais para os acampamentos de refugiados em Maban, no estado do Nilo Alto, no Sudão do Sul, tem sido dificultado pela insegurança e os confrontos em rotas de abastecimento.

Incapaz de entregar suprimentos de comida, o Programa Mundial de Alimentos (PMA) e seus parceiros, incluindo o ACNUR, foram forçados a distribuir rações reduzidas às dezenas de milhares de refugiados nos meses de março e abril.

“Nós, agentes humanitários, compartilhamos a frustração dos refugiados”, enfatiza o oficial do ACNUR Adan Ilmi.

Nos campos de Maban, refugiados têm complementado a ajuda alimentar com raízes e folhas selvagens. Outros estão vendendo ou trocando itens, como sabão, em mercados e vilas vizinhas, por comida. Além disso, estão vendendo lençóis de plástico e outros materiais necessários para a construção de latrinas.

A ACNUR e seus parceiros temem que a continuação da escassez de comida afete negativamente a saúde e a nutrição dos refugiados. Crianças e idosos, assim como mulheres grávidas ou amamentando, são particularmente mais vulneráveis.

“Nós ainda podemos prevenir a deterioração futura dessa situação, se as partes envolvidas no conflito facilitarem o acesso seguro de agências humanitárias para levar comida e outros suprimentos críticos para Maban”, disse Ilmi. “Pelo lado positivo, temos recebido garantias do PMA que estoques adicionais de comida serão enviados para Maban nos próximos dias”, acrescenta.

Em uma declaração conjunta no início deste mês, o ACNUR e o PMA convocaram os lados rivais para garantir a segurança de agências humanitárias que ajudarão pessoas vulneráveis que foram deslocadas, incluindo 125 mil refugiados sudaneses em Maban.

Fonte: ONU


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